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Artemísia Vulgaris L.: aspectos botânicos e simbólicos da planta


RESUMO: O presente artigo visa elucidar os aspectos botânicos – identificação, classificação e descrição -, fitoquímicos, agroecológicos e simbólicos da Artemísia Vulgaris, também conhecida popularmente como Flor-de-diana. Além disso, o enfoque terapêutico será no uso da planta para o ciclo feminino, visto que é utilizada milenarmente para os casos de ausência de menstruação, ciclo irregular, baixa imunidade, fraqueza, entre outros sintomas de desequilíbrios menstruais.

Palavras-chave: Artemísia, botânica, mitologia, Ártemis.


I INTRODUÇÃO:

Artemísia Vulgaris L., da família Asteraceae, é popularmente conhecida como Artemísia, losna, flor-de-diana2 entre outros nomes. Originária das regiões de clima temperado da Europa, Ásia e norte da África, hoje se encontra em todo o mundo – tanto devido ao cultivo, quanto por invadir algumas áreas.

É uma planta herbácea perene (do latim per, “por”, annus, “anos”), o que significa dizer que é uma espécie que permanece com suas folhas fixadas por anos, visto que o ciclo sazonal de vida da mesma é longo – cerca de dois anos. Além disso, é lenhosa, o que lhe configura um aspecto de raízes mais volumosas e altura entre 1 e 2 metros. A coloração presente no caule é púrpura, as folhas – aproximadamente entre 10cm a 20cm - são verdes superficialmente e com uma camada densa de pelos esbranquiçados na zona inferior e as flores costumam ser amareladas ou avermelhadas.Tais características – durabilidade, coloração, local de origem – são alguns dos motivos que podem ter influenciado antigos povos a considerarem uma planta milenar, sagrada, extremamente medicinal - ajuda em tratamentos de anemia, cólicas, dor de estômago, gastrite, nervosismo, auxilia na digestão, aumenta no fornecimento de nutrientes para as células do corpo, regula o ciclo menstrual, entre outros benefícios - e mágica.


II CLASSIFICAÇÕES DA PLANTA:

Artemísia Vulgaris L. faz parte do extenso grupo das angiospermas que possui mais de 235 mil espécies. Este conjunto é das plantas de maior predominância no planeta e possui variadas flores e frutos – ou seja são espermatófitos que possuem o óvulo fechado em um ovário encimado por um pistilo. Sua estrutura reprodutora possui estigma, estame, pétala, sépala, receptáculo floral e pedicelo.

Resumidamente, pode-se compreender o estigma como a área feminina e receptiva da planta, onde o pólen inicia a germinação. Já o estame é a parte masculina e é formado por 3 partes: antera – parte superior do estame, produtor de pólen - , conectivo – parte pequena que liga a antera ao filete – e o filete, propriamente dito – liga o receptáculo da flor à antera.

É uma planta eudicotiledônea – subdivisão das dicotiledôneas – o que a caracteriza como uma planta a qual o embrião exibe dois cotilédones verdadeiros. Acredita-se que o grupo das eudicotiledôneas – o qual a Artemísia faz parte – é um dos maiores entre as angiospermas, pois são cerca de 145 mil espécies que o compõe, subdivididas em 350 famílias. Essa enorme gama de espécies confere às plantas eudicotiledôneas grande variabilidade anatômica, morfológica e fitoquímica.

Além disso, a planta aqui estudada faz parte da ordem Asterales. Esta ordem possui onze famílias e cerca de 28 mil espécies, sendo a mais populosa família a das Asteraceaes – onde a Artemisía Vulgaris L.está presente. Esta família, também conhecida por compostas, por sua vez tem cerca de 28 mil espécies que a constitui e é, sem dúvida, uma das famílias com maior número de espécie entre as angiospermas. Cada ressaltar que além da Artemísia, outras plantas conhecidas popularmente e que fazem parte da Asteraceae são: o alface – presente no almoço de grande parte dos brasileiros -, a margarida – flor bastante comum no país – e o girassol – espécie comumente utilizada com objetivos

ornamentais. Ademais a família Asteraceae possui grande importância econômica, visto que é de grande variedade de plantas medicinais, alimentícias e, como exemplo da Artemísia Vulgaris L., algumas também são utilizadas como especiarias.

Em relação à morfologia da Artemísia, podemos considerar que a raiz é axial, característica das dicotiledôneas, pois possui uma raiz principal e outras menores ligadas à ela. Já o caule é do tipo haste: esta forma lhe proporciona uma aparência ereta, porém flexível.

A folha, por sua vez, é completa, visto que possui bainha – parte foliar que se prende ao caule -, pecíolo – parte semelhante a um ‘caule’ que encontra-se entre a bainha e o limbo – e o limbo – a parte principal, mais larga e laminar das folhas. Ainda, a folha de Artemísia é perinérvea – ou seja, é composta de uma nervura principal de onde saem nervuras secundárias -, composta imparipenada –pois contém vários limbos e termina em ímpar -, sua margem é, ao que indica, recortada e seu entorno pertence à classificação penatipartite – ou seja, uma forma que ‘lembra’ uma pena.

Para finalizar essa classificação prévia da Artemísia Vulgaris L., em relação à inflorescência, pode-se afirmar que suas flores estão agrupadas como pequenas espigas. Tal forma é muito comum de ser encontrada entre as asteraceaes.

Diante de todas essas informações, é possível constatar que não é necessário ser botânico para conhecer algumas espécies do reino plantae de forma mais atenta, pois estão próximas e fazem parte do dia a dia de muitos indivíduos. Por isso, voltar a se aproximar de suas qualidades é resgatar um legado de conhecimento ancestral sobre a sabedoria curativa das plantas – tão necessária na contemporaneidade, visto que é necessária autonomia frente à indústria farmacêutica que, visivelmente, estimula o costume alopático de resgate do bem estar e de ser saudável.


III CARACTERÍSTICAS FITOQUÍMICAS:

Artemísia Vulgaris L. é constituída quimicamente, entre folhas e flores, com os seguintes químicos principais: ácido antêmico, ácido fórmico, ácido isobutírico, ácido isovalérico, ácido málico, ácido succínico, ácido tânico, adenina, aldeído cumínico, aromadendrino, artemisina, artemose, borneol, cadineno, canfeno, cânfora, cimeno, cineol, colina, cumarina, estigmosterol, estragole, fechona, felandreno, fenol, fernerol, inositol, lamirina, limoneno, linalol, pineno, princípios amargos, quebrachitol, rutina, sabineno, sacarídeos, santonina, saponinas, sitosterol, taninos, tauremisina, terpineno, terpinoleno, terpineol, tujonabutiraldeído, tuiona. Tais elementos são o que garantem à planta a vasta possibilidade de indicação medicamentosa.

Em relação ao óleo essencial, a viscosidade – proveniente desses químicos – é média, assim como a intensidade aromática também é mediana. Seu potencial de atuação é como antipasmódico, analgésico, tônico, problemas menstruais gerais, além de atuar sobre as emoções, mente e sonhos.


IV CARACTERÍSTICAS SIMBÓLICAS:

A planta, neste trabalho analisada, é extremamente antiga e utilizada para muitos fins em diferentes culturas e regiões no mundo. Na sociedade Tradicional Chinesa, por exemplo, durante a formação do que hoje conhecemos como Medicina Tradicional Chinesa (MTC) fundamentou o conceito de Yin e Yang. Esta percepção do corpo humano o traduz como um condutor de energia fria (Yin) e quente (Yang), dessa maneira, a utilização adequada da Artemísia – através da Moxabustão na MTC – dispersa o frio; alivia as dores; tonifica o Qi do Baço-Pâncreas; dispersa a infertilidade sem causa aparente; estimula Yang; entre outros benefícios. Trabalha ainda na energização do elemento madeira, presente no corpo de acordo com a MTC, que por sua vez, harmoniza a intuição, imaginação, presença, segurança, etc.

Já na Medicina Tradicional Ayurveda, a Artemísia aumenta o Dosha Pitta: torna o metabolismo mais rápido, auxilia na mudança de peso, traz brilho no olhar. No plano simbólico e emocional, o Pitta bem trabalhado proporciona magnetismo pessoal. No entanto, apesar da contribuição das medicinas milenares Chinesa e Ayurveda serem grandiosas em relação à utilização da Artemísia e seu poder terapêutico holístico, o foco do presente artigo é a relação da erva com o feminino e à Deusa Ártemis – deusa que é origem do nome da planta.


IV.a ÁRTEMIS, ECO-FEMINISMO E AS ERVAS PARA A MULHER

Apesar do mito de Ártemis ter se desenvolvido, tal qual se conhece na contemporaneidade, na Grécia, sua origem é ainda mais antiga e remonta ao norte do continente africano. Seu primeiro grande templo foi erguido em Éfeso – atual Turquia – e os principais simbolismos relacionados à deusa, ainda hoje, são: arco e flecha, lua crescente, a primavera, cães, pássaros, touros, ursos, javalis, cervos e a erva Artemísia.

O nome Ártemis é de origem incerta, mas se sabe que esta deusa também possui vários epítetos que se relacionam com suas potencialidades: Aeginaea (“a possuidora do dardo”), Agoraea (“protetora da ágora”), Agrotera (“deusa padroeira dos caçadores”), Potnia Theron (“a padroeira dos animais selvagens”), Locheia (“deusa parteira”), entre outros. Esta deusa está relacionada ao arquétipo donzela da psique feminina e, desta forma, inspira às mulheres a desenvolverem suas criatividades, personalidades e independência, além de ensinar sobre autonomia de seus corpos.

Ártemis possui vários mitos que expressam suas mais diversas características, no entanto, cabe resaltar o que disserta sobre o nascimento da deusa e o que diz como ela recebeu seu arco e flecha: conta o mito que a mãe de Ártemis, Leto, foi amante do soberano Zeus. Quando Hera, Rainha do Olimpo e esposa de Zeus, descobriu sobre essa traição e que, ainda, Leto estava grávida caçou-a até o fim do mundo. Poseidon, apiedando-se de Leto, a levou para a ilha de Delos para que ela pudesse dar à luz em paz. Foi um parto muito demorado, mas assim que ganhou Ártemis, a pequena deusa se pôs a auxiliar a mãe no parto de seu irmão gêmeo Apolo – Deus do Sol. A partir desse momento, Ártemis tornou-se protetora das mulheres e do parto. Já, o mito que expressa sobre seu arco e flecha, conta que Zeus amava muito sua filha Ártemis e, assim, lhe disse que a daria qualquer presente. Ela, por sua vez, disse que apenas desejava nunca se casar, ser eternamente livre para poder correr pelas matas e caçar com um arco e flecha e ter como companhia várias mulheres.

Esses mitos exprimem os atributos da deusa que a aproxima dos movimentos ecofeminismo e Sagrado Feminino, pois traduzem a autoconsciência, empoderamento, contato com a natureza e suas ervas curativas e o crescimento da psique que é proporcionado quando as mulheres se unem e trocam experiências. Para compreender melhor essa relação, é necessário elencar características desses dois grandes movimentos para o bem estar da mulher – tanto pessoal, quanto social.


VII BIBLIOGRAFIA:

BALBACH, Alfons. A flora na medicina doméstica – vol.II. Cibecol. São Paulo.

VANDER, Adrián. Plantas medicinales. Adrian Van Der Put. Barcelona: 1978.

BRUCKNER, Hans. La cura de belleza con las plantas medicinales. Editorial De Vecchi, 1977.

WEIL, Roberto. As ervas que curam. Ediouro. São Paulo: 1985.


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